Título: CONTEMPORANEIDADE, EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
Autores: ANTONIO FLAVIO BARBOSA MOREIRA
SONIA KRAMER
O texto busca o entendimento de como a
globalização tem afetado o modo de organização
da educação escolar e o desenvolvimento da
ação dos docentes. O autor mostra vários
conceitos de globalização e por fim
entendendo-a como um fenômeno multifacetado,
com dimensões econômicas, sociais, políticas, culturais,
religiosas e jurídicas interligadas de forma
complexa (Sousa Santos, 2002), examina que
conseqüências tal processo provoca na educação.
Em seu texto o autor mostra que o uso das
tecnologias na educação é apenas uma das possibilidades
de se chegar à qualidade em educação; e que não
se pode acreditar que o uso dos recursos tecnólogicos
avançados resolverão todos os problemas da educação
em nosso país, pois a qualidade na educação passa a
corresponder ao emprego, nem sempre criativo e
eficiente, de recursos tecnológicos que promoveriam a
atratividade dos ensinamentos "oferecidos" aos alunos
ou por eles apreendidos sem uma interferência significativa
do/a professor/a, e é aí que se tem questionado o papel das
TICs na educação , pois o que se vê é que uma educação
de qualidade demanda, entre outros elementos, uma visão
crítica dos processos escolares e usos apropriados e
criteriosos das novas tecnologias. Para discutir o conceito de
educação de qualidade o autor buscou aporte teórico em Avalos
(1992), que discute qualidade do ponto de vista do desenvolvimento
dos indivíduos e da sociedade. Uma educação de qualidade, a seu
ver, capacita o indivíduo a se mover da situação de viver restritamente
seu cotidiano, para tornar-se ativo na mudança de seu ambiente.
Para isso, é indispensável uma compreensão acurada da realidade
em que se insere. Ainda segundo Avalos (1992), o funcionamento
no cotidiano demanda, inicialmente, saberes e habilidades que permitam
lidar com o mundo dos instrumentos, costumes e linguagem
(mundo concreto). Para transcender o ambiente e atingir
níveis mais elevados na atividade intelectual e na esfera da
prática são necessários atributos e motivações como coragem,
lealdade, capacidade de resolver problemas e de satisfazer-se
com o sucesso (Santos & Moreira, 1995). O conhecimento escolar
apropriado é o que possibilita ao estudante tanto um bom desempenho
no mundo imediato quanto a análise e a transcendência de seu universo
cultural. Para isso, há que se valorizar, acolher e criticar as vozes e as
experiências dos alunos. Nesse mundo globalizado quando se fala da
ação pedagógica, deseja-se um professor disposto a correr riscos e a
investir em sua atualização. Subjacente a todos esses princípios e
comportamentos, que visam reinventar a escola, tendo por norte
padrões globalmente definidos, está a preocupação com o sucesso,
com a eficiência, com a eficácia, com a produtividade, com a
competitividade, com a qualidade na educação (entendida segundo
os parâmetros vigentes). O autor chama ainda a atenção para as
relações humanas no ambiente escolar uma vez que a escola está
sendo concebida como um negócio, a inteligência é reduzida a instrumento
para o alcance de um dado fim e o currículo é restrito aos conhecimentos
e às habilidades empregáveis no setor corporativo. Nesse enfoque, saberes
e temas fundamentais da existência humana estão sendo negligenciados
e isso não deveria acontecer pois, apenas o uso destes recursos avançados
não seriam capazes de suprimirem as diferenças, as desigualdades,
as divergências e as discrepâncias que persistem em nossa sociedade,
bem como não eliminaria a diversidade das relações sociais entre indivíduos,
assim como das relações desses indivíduos com o conhecimento, com o
dinheiro e com seus corpos. Mudanças profundas na sociedade, nos sistemas
educacionais e na escola são segundo o autor fatores importantes para a
promoção de uma educação de qualidade. E isso depende e muito de condições
adequadas ao trabalho pedagógico; conhecimentos e habilidades relevantes;
estratégias e tecnologias que favoreçam o ensinar e o aprender; procedimentos
de avaliação que subsidiem o planejamento e o aperfeiçoamento das
atividades pedagógicas; formas democráticas de gestão da escola;
colaboração de diferentes indivíduos e grupos; diálogo com experiências
não-formais de educação; docentes bem formados.
